segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Economês

Prometi, aqui onde estou, falar, um dia, de economês. Isto a propósito de um texto que escrevi sobre o "eduquês".
De facto, começou a falar-se de eduquês quando era ministro da Educação o prof. Marçal Grilo e achei curioso o termo. Depois, fui-me fartando do seu uso e abuso. Entendido como uma linguagem que só alguns conhecem e que fazem gala de que os outros (ignorantes na matéria) desconheçam, ou como um conjunto de teorias das Ciências da Educação, sem qualquer valor, meras divagações teóricas para justificar o uso de estratégias e metodologias no processo de ensino-aprendizagem, que conduzem, necessariamente (e conscientemente, segundo alguns), à produção de ignorantes. São defendidas por um "bando de malfeitores", que, como tal, deviam ser condenados por outros tribunais que não os nossos, por serem demasiado brandos, dado que são os responsáveis pelo estado lastimoso de Portugal face aos outros países da UE, em matéria de educação (e não só).
É importante conhecer o ponto de partida para analisar um percurso, seja de uma pessoa, de uma equipa, de uma empresa, de um país. E esquece-se, muita vezes, quantos anos de atraso nos afastavam dos outros países europeus, mesmo de alguns mais próximos de nós em termos de desenvolvimento. Não desconheço , nem escondo, os muitos erros cometidos, com a vontade de "mudar o mundo". Algumas "paixões perigosas", porque de paixões se tratava, tiveram curta duração; o amor construído, dia-a-dia, cria laços mais consistentes e duradouros... E a instabilidade política levou a alguns excessos que já deram os seus frutos, que estamos ainda a deglutir.
Mas, passemos à economia e às finanças. Como não sei nada destas matérias, limito-me a ouvir e a ler o que a comunicação social me oferece, situação aliás idêntica à da maioria das pessoas que fala, comenta e teoriza sobre educação. Quando vejo ou ouço debates sobre temas económico-financeiros, fico confusa, não entendo grande parte do vocabulário utilizado, aliás usado com significados diversos (só pode ser isso, porque, no caso do défice, os valores eram vários, conforme a origem política do "comentador") e eu, que estudei Ciências e julgo saber alguma coisa sobre o rigor dos termos científicos e o valor das teorias e o que de bom e de mau se pode fazer com elas, como a história da Humanidade bem revela, fico a pensar se os Reis deste mundo (os economistas), que destronaram os políticos, desfizeram as ideologias, os autores do "economês", que posso caracterizar como o eduquês, apenas aplicado em campo diferente, não serão também um "bando de malfeitores" que merece pena pesada. O problema é que os responsáveis pelo eduquês são uns "professorzecos" a quem ninguém dá importância, meros cumpridores das regras impostas pelo ministério da educação, e os que usam o economês são os donos do mundo, os grandes senhores que recebem ordenados e lucros chorudos, que usam e abusam dos dinheiros públicos e privados e que, quando o barco vai ao fundo, se safam e "quem se lixa é o mexilhão". Não é o que mostra a actual crise?

1 comentário:

Rosa dos Ventos disse...

Exactamente, cara Chefe!

Abraço