quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Férias intercaladas 2

Venho dar conta da 2ª etapa das nossas férias intercaladas. Poderia dar à mensagem um título mais curioso: "O avô, a neta e o burro". Já vão perceber porquê.
Fomos para o sul do país, tendo como destino Odeceixe, fundamentalmente para estarmos uns dias com os netos. Aproveitámos para fazer a primeira paragem em Alcácer do Sal, onde passámos a noite e visitámos a cidade e os arredores. Feita a visita a Alcácer, comprámos umas pinhoadas e uns típicos rebuçados de ovo (enquanto espreitávamos a prova do Nélson Évora e aguardávamos a ansiada medalha de ouro) e fomos observar os arredores, depois do almoço. Descobrimos uma localidade onde colhi estas imagens, para, copiando a "Rosa", vos fazer um desafio: descobrir onde se encontram estes "tesouros".

(Passei dias a tentar inserir estas duas fotos no sítio certo; como não consegui, ficam assim)

Depois, seguimos até Odeceixe, onde a família nos esperava para um excelente jantar num restaurante da terra. E aderimos à rotina diária: um bocadinho de praia, de manhã, almoço, descanso, novamente praia ao fim da tarde, jantar, conversa e dormida. Tudo muito sereno (tanto quanto é possível com crianças).

No domingo de manhã decidimos quebrar a rotina e não ir à praia. Há uma quinta relativamente perto de Odeceixe, onde uma alemã tem uns burros com os quais faz passeios. A nossa filha tinha o contacto e tentou marcar; não havia passeios de burro, mas podíamos visitar a quinta. Foi o que resolvemos fazer.
Lá nos dirigimos para o local indicado, onde, numa casa tipicamente alentejana, nos esperava uma enorme alemã (Sofia), muito simpática, com um filho de cinco anos. Serviu-nos uma limonada, mostrou-nos os burros e escolheu o mais velho - o "Picasso" - para ir fazer a visita à quinta connosco. Logo após o início da viagem, a Sofia apontou para a esquerda e disse: "este é o nosso tanque, onde vimos tomar banho". Trata-se de uma represa com um muro em cimento, relativamente largo e liso por cima, por onde o meu neto se enfiou de imediato. Atendendo à proximidade da água, segui para lhe dar a mão e, atrás de nós, veio toda a "comitiva", "Picasso" incluído. A certa altura dei-me conta de que o caminho não tinha saída, pelo que teríamos de voltar para trás. Feita a observação à Sofia, ela disse que teria de seguir com o "Picasso" para dar a volta, pelo que quem estava à frente dele teria de passar para trás. Dada a pouca largura do muro para efectuar a manobra, e porque tínhamos de passar ao lado do burro, a certa altura só vi o meu marido, que segurava a neta pela mão, cair de costas, arrastando-a para o lado oposto ao da água do tanque e, de imediato, o burro a cair-lhe em cima. Não imaginam a cena (que já nos fez rir muito, depois de passado o susto). De imediato a Sofia se atirou para o local, onde havia um pouco de água e lama, muitas silvas e outras plantas silvestres. Enquanto eu retirava o neto para não ver a cena, a neta era retirada pela mãe com a ajuda do avô, enterrado na lama, e a Sofia empurrava para cima o meu marido, que se agarrou ao muro e lá conseguiu sair. Arranhões por todo o corpo que estava à vista, em especial nos braços, feridas provocadas pelo raspão nas pedras e um estado de pânico eram evidentes na minha neta. O avô, já cá fora, todo arranhado, também, preocupou-se fundamentalmente com ela, como todos nós; como era domingo e o Centro de Saúde de Aljezur (o mais próximo) estava fechado, a Sofia chamou uma médica amiga, que chegou rapidamente, verificou a situação do pé da menina (ela queixava-se muito do pé, mas felizmente não estava nada partido) lavou os arranhões, retirou alguma terra deles e das feridas e recomendou que, em casa, se lavasse só com água e sabão, de forma a fazer sair a terra. Entretanto, todos fomos acalmando (avô e neta com a ajuda de umas gotinhas milagrosas) e lá fomos para casa, sem ver a quinta, mas com uma nova história para contar: "O avô, a neta e o burro" ou, numa perspectiva mais "artística": "O avô, a neta e o Picasso".

Para acabar, na 2ª feira à tarde tivemos conhecimento de que a minha irmã tinha partido um pé e ia ser operada, pelo que lá antecipámos o regresso a Leiria para essa noite, para tentar ajudar no que fosse necessário.

Acabou assim a 2ª etapa. Não sei se haverá 3ª...

7 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Metendo o Picasso dá direito a pintura!
Que narrativa hilariante, agora que tudo passou, não é?! :-))
Quanto à localização de casinhas tão simpáticas tens que dar alguma pista...
Um abraço e as melhoras da mana

Rosa dos Ventos disse...

Só lhe faltava esta, não é?!

fernanda sal m. disse...

Bem, Adelaide, nem sei por onde começar o comentário: como já sei que o pior do susto já passou, estou farta de me rir, confesso, com a tua descrição e o que eu "imagino"... Lamento que a 2.ªetapa tenha acabado com o problema da operação da tua irmã ( não soube de nada ). Espero que tudo tenha corrido pelo melhor e que ela esteja a recuperar bem :há famílias com tendência para partir pés, não ?

Mas não posso de me rir com a peripécia, sobretudo com a imagem de "uma enorme alemã (Sofia)" a empurrar o Hamilton que se agarrou ao muro para ... lhe fugir a ela, não ? Já não estaria muito seguro daquela "guia", com burro ou sem burro... E tu, brava mulher, desvias o neto para não ver a cena ( que deve ter visto na mesma), e deixas os " náufragos entregues a alemãs e "pintores asininos desequilibrados" ...
Olha, ainda me rio e não vi a cena ao vivo !
Claro que terá de haver uma 3.ª etapa, depois de nos teres aguçado o apetite com esta...

Obrigada pelo comentário que fizeste no meu espaço, onde te "linkei" : vai lá ler a resposta.
Bom fim de semana, com chuva e vento, parece.
Bjs.

map disse...

Fernanda
Ainda hoje, quando "passo o filme", me dá vontade de rir. Mas, quando me fixo na cena, não posso deixar de, à boa maneira portuguesa, pensar que podia ter sido pior... Quanto à minha irmã, para além do "descanso", fundamentalmente na cama,tudo está a correr bem. É preciso é ter muita paciência, porque o que está sempre activo é o pensamento, esse malvado.
Quanto ao fim de semana, o sábado esqueceu-se do que os meteorologistas previram. Ainda bem. Vamos ver como será o domingo.
Que seja um bom dia para ti.

map disse...

"Rosa"
Diz lá se os episódios da minha vida não são originais. Agora tem graça, mas, como mandei dizer à Fernanda, podia ter sido muito mau...
Quanto às casinhas,eu dei pistas: arredores de Alcácer do Sal e a outra foto. Posso acrescentar que é num desvio da estrada para Tróia.
Mais um esforço e uma ajuda do mapa de estradas de Portugal e...Bingo!
Sobre a minha mana, como disse noutro comentário, está tudo a correr normalmente. As modernices (no meu tempo não foi assim) permitem ter no gesso uma janela "tirável e pôvel" (é assim que se escreve?) para fazer o penso, de modo que pode saber-se se a costura vai bem. E vai.
Beijos

Rosa dos Ventos disse...

Realmente "não há machado que corte a raíz ao pensamento", mas às vezes antes houvesse para a cabeça da tua irmã ter um pouco de sossego.
Eu sei como é...
Quanto à foto, será da Comporta?

Abraço

map disse...

"Rosa"
Quase bingo. De facto é numa localidade, perto de Comporta, chamada Carrasqueira, onde há um porto palafita, que está numa das fotos. Também eu não atino com as fotos e agora também nos comentários, que ontem não consegui colocar. Vamos ver se este vai hoje.