quarta-feira, 26 de março de 2008

Páscoa rural

Na 6ª feira santa saí para passar uns dias na aldeia onde nasci - Aveloso do Sul. Era costume ir lá para "beijar o Senhor", tradição da época da Páscoa. No Domingo de Páscoa, o senhor abade, acompanhado de uma grande comitiva, anunciava-se com o toque de uns sininhos, entrava nas casas que tinham alecrim à porta, desenhava uma cruz com a mão no ar, salpicando-nos de água-benta e dizendo "Aleluia, Aleluia!", enquanto um dos seus acompanhantes passava a cruz, dando a beijar o Cristo pregado na cruz a todos os elementos da família presentes (nos últimos anos limpava-se com um pouco de algodão a zona mais beijada do Senhor - os pés - quando se passava à boca seguinte. Seria mais higiénico?!!!). Enquanto o Sr. abade cumprimentava o chefe da família, outro elemento da comitiva retirava o envelope com o dinheiro que nele era depositado, colocado na mesa enfeitada para o efeito; nas casas mais pobres, a dádiva era em espécie: ovos, galinhas, etc.; nas mais ricas, havia beberete preparado com várias iguarias e, claro, "vinho fino".

Como "a tradição já não é o que era", este ano houve visita do Senhor, mas em vez do senhor abade foi uma senhora da aldeia que o levou. E muitas casas ficaram fechadas. A da minha família também e... não beijei o Senhor.

Mas pude ver da minha varanda a igreja da paróquia, que gostava de partilhar convosco; porém, o "choque tecnológico" ainda não me atingiu suficientemente e, apesar das tentativas há vários dias, não consegui colocar a imagem. Apenas vos posso dizer que fica algures numa cova entre montes da Beira Alta, no concelho de S. Pedro do Sul, com a Serra de S. Macário à vista. Por agora, só eu posso vê-la sempre que queira, aqui onde estou.

1 comentário:

Rosa dos Ventos disse...

Fui almoçar no Domingo de Páscoa a Lisboa e há anos que não abro a porta ao Senhor.
No regresso,estávamos a chegar junto à entrada do prédio onde moro provisoriamente/definitivamente, nem sei bem, quando o Senhor vinha a chegar também.
Achei que talvez fosse um sinal e quando Ele bateu à porta do meu 5º andar deixei-o entrar...
O resto foi mais ou menos como contas.Sem galinhas, claro!...

Abraço